Je Vous Garde - Pavilhão Branco, Museu da Cidade de Lisboa 2009
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Não sei porquê mas quando vejo este trabalho, vejo-o como uma homenagem
ao teatro, ao teatro no momento em que os actores se despem dos personagens
e nos olham quase nos olhos e nos agradecem por termos estado ali.
Por os termos visto trabalhar, por os termos visto representar um personagem, uma vida.
É o momento, em que nós espectadores, nós também nos expomos, actores
espectadores na mesma cena. Duas cenas, dois palcos. No mesmo teatro. É quase como se fosse um outro espectáculo, onde se lê, se sentem as mais diferentes reacções. É um momento onde se podem condensar todas as emoções.Este meu trabalho pode ser uma representação desse momento. É também uma homenagem a esse momento. Ao teatro, efémero como as pessoas.Estas pessoas são pessoas reais, são de carne e osso, quero-as despojadas de todos os artifícios que possam existir, quero-as cruas, quero-as de igual para igual, quero-as animais, quero-as seres vivos que acabam. Acabam por morrer. Quero guardá-las neste instante vivas e com corpo. Quero o gozo, a força de desenhar corpos nús. Quero trabalhar o meu reconhecimento de um corpo nú, do corpo da pessoa que retrato, sem que seja óbvio para todos.(não me interessa que quem veja este trabalho acabado, reconheça algum retratado), interessa-me sim que eu reconheça.
Quero trabalhar com a memória, o tempo que passou, o tempo que vai passar. Todo ali no mesmo instante.
Quero guardar um momento.
Quero saber se é o fundo, a cor do fundo da tela que se funde nos corpos, se são os corpos que se fundem na tela, quero a sensação de tempo, quero ferro, a cor do ferro, a oxidação, quero a sensação de duração. Quero-os ali no presente
Criar um diálogo. Reuni-los uns aos outros e guardá-los, lembrá-los.
Joana Villaverde
Lisboa, Março de 2008
Não sei porquê mas quando vejo este trabalho, vejo-o como uma homenagem
ao teatro, ao teatro no momento em que os actores se despem dos personagens
e nos olham quase nos olhos e nos agradecem por termos estado ali.
Por os termos visto trabalhar, por os termos visto representar um personagem, uma vida.
É o momento, em que nós espectadores, nós também nos expomos, actores
espectadores na mesma cena. Duas cenas, dois palcos. No mesmo teatro. É quase como se fosse um outro espectáculo, onde se lê, se sentem as mais diferentes reacções. É um momento onde se podem condensar todas as emoções.Este meu trabalho pode ser uma representação desse momento. É também uma homenagem a esse momento. Ao teatro, efémero como as pessoas.Estas pessoas são pessoas reais, são de carne e osso, quero-as despojadas de todos os artifícios que possam existir, quero-as cruas, quero-as de igual para igual, quero-as animais, quero-as seres vivos que acabam. Acabam por morrer. Quero guardá-las neste instante vivas e com corpo. Quero o gozo, a força de desenhar corpos nús. Quero trabalhar o meu reconhecimento de um corpo nú, do corpo da pessoa que retrato, sem que seja óbvio para todos.(não me interessa que quem veja este trabalho acabado, reconheça algum retratado), interessa-me sim que eu reconheça.
Quero trabalhar com a memória, o tempo que passou, o tempo que vai passar. Todo ali no mesmo instante.
Quero guardar um momento.
Quero saber se é o fundo, a cor do fundo da tela que se funde nos corpos, se são os corpos que se fundem na tela, quero a sensação de tempo, quero ferro, a cor do ferro, a oxidação, quero a sensação de duração. Quero-os ali no presente
Criar um diálogo. Reuni-los uns aos outros e guardá-los, lembrá-los.
Joana Villaverde
Lisboa, Março de 2008
I don’t know why, but when I think about this work, I see it as a tribute to the theatre. To the moment the actors, shed off their characters, look at us, the audience, almost in the eyes and thank us for being there, for watching them work, for watching them act as a character, someone else’s life.This is the moment, that we, as viewers, also expose ourselves, as actors, who watch the same scene. Two scenes, two stages. In the same theatre. It is almost like another play, another show, a moment which condenses all emotions at once. This work can represent that moment; it is also a tribute to that moment.These people are real, flesh and blood, I want them to be rid of all artifice, I want them raw, I want them on the same level, and I want them as animals, perishable human beings.I want to preserve them in this moment, alive and in their bodies. I want the pleasure of drawing naked bodies.
I want to work in my own recognition of a naked body, the body I am portraying, without it being obvious to viewers.
(I don’t care if they are, providing I can recognise them) I want to work with memory, time that has passed and time that will pass,
all in a single moment. A moment I wish to preserve.
I want to know if the canvas’s background colour will blend into the bodies
or if it is the bodies that blend into the background.
I want to convey the feeling of time, of iron, the colour of iron, of oxidising materials, the feeling of duration.
I want them here, in the present time.
To create a dialogue, gathering them together and keep them,
remembering them.
Joana Villaverde
Lisbon, March 2008
I want to work in my own recognition of a naked body, the body I am portraying, without it being obvious to viewers.
(I don’t care if they are, providing I can recognise them) I want to work with memory, time that has passed and time that will pass,
all in a single moment. A moment I wish to preserve.
I want to know if the canvas’s background colour will blend into the bodies
or if it is the bodies that blend into the background.
I want to convey the feeling of time, of iron, the colour of iron, of oxidising materials, the feeling of duration.
I want them here, in the present time.
To create a dialogue, gathering them together and keep them,
remembering them.
Joana Villaverde
Lisbon, March 2008